segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"Sometimes I still need you"

Era uma noite escura, a única luz entrava pela janela pelos pequenos orifícios, invadia o espaço e deixava-nos com uma tonalidade laranja.
O silêncio era o nosso discurso mais completo, nos teus olhos encontrava mais do que palavras, encontrava-te a ti e por vezes, quando olhava mais atentamente, encontrava-me a mim.
Perguntava-me constantemente se aquilo seria um simples sonho e o teu coração, na palma da minha mão, batia tão fortemente que afastava a ideia de qualquer ilusão.
As horas passavam e não sentia cansaço, os meus olhos em busca de ti, não cessavam nem por um instante...
Ali não havia ausência que fosse demasiado forte, não havia dor que magoasse, nem problemas que me esgotassem. Era uma paz imensa que me invadia a mente só de ouvir a tua voz, sentir a tua pele e o teu cabelo a fazer-me cócegas no rosto, como dedos.
Quebrei medos e contei segredos, sentimentos que nunca pensei entregar-te, por medo ou talvez só por insegurança, não sei.
Quis que aquele momento nunca mais acabasse, segurei-te com mais força e gentilmente agarrei a tua mão contra o meu peito, olhei-te nos olhos e desejei que pudesses ver nos meus o que não conseguia dizer.
Sorriste e dentro de mim senti como uma pequena chama que se acendia lentamente, aquecendo-me o peito de toda a solidão que sinto quando sozinha, afastando toda a mágoa que consigo guardar de todos estes anos.
O sol estava a começar a nascer e os nossos rostos estavam a ficar cada vez mais pálidos. Tinha sido uma noite longa, a mais longa da minha vida e iria acabar.
- Tenho medo de adormecer.
- Porquê?
- Se isto for um sonho, não quero acordar.
- Eu continuarei aqui.
Com estas palavras, fechei os olhos e adormeci, por fim.

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