
A nossa relação começa sempre com a mesma chama, mas é difícil manter-te assim, aceso para mim.
O tempo consome-nos a pouco e pouco e, no cinzeiro, vão ficando as cinzas do nosso vício.
Contigo saboreio recordações, tenho conversas acesas, descarrego raiva, tiro momentos só para mim...
No meu peito vais alojando um lugar perpétuo e assim me vais matando, sabias?
Contudo não posso deixar de te usar, de te gastar, de te apagar, acender, és dos meus maiores desejos. Promessas para te deixar já foram imensas, porém continuo a procurar-te no mesmo quiosque de sempre, em troca de uns trocos.
Dispo-te e tiro mais um pequeno prazer, todo o meu corpo fica com o teu cheiro, no ar tento-te agarrar, mas és apenas fumo.
Apago-te e és somente mais uma beata no chão, no lixo.
Obrigada pela inspiração, Marina.
Foto: olhares.aeiou.pt/Sandrito
Não fumo.
4 comentários:
Não me parece referente ao cigarro.
Parece-me demasiado humano.
Era mesmo esse o objectivo.
Vai um da caixa pequenina? ;)
Como são deliciosas as metáforas, comparações e alegorias, e se existe pessoa que lhes sabe dar uso és tu Pandora. Um bem hajas por partilhares estes textos maravilhosos da tua caixa.
Um abraço
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