Sabia que um dia terias que partir, este não era o teu lugar e mais cedo, ou mais tarde, irias para longe.
Preferi ignorar essa realidade e continuar a acreditar que ficarias comigo, mas o dia da tua partida chegou.
A última vez que te vi foi na tua casa, despedimo-nos mais do que uma vez, sempre que recuava, avançavas e abraçavas-me com força, mas o tempo era pouco, tinhas um avião para apanhar.
Dizias que seria só mais um abraço, mas havia sempre outro a seguir, porém houve um que soube que seria o último, foi com tanta força que senti que me querias levar contigo, como pudesses me enfiar na bagagem e levar-me para esse destino maldito. Quando me largaste, foi como tivesses tirado um pouco de mim, já que não me podias levar inteira, pelo menos levavas um pedaço insignificante.
Infelizmente, aquele abraço foi mesmo o último, tive que me afastar e deixar-te fechar a porta, o teu aceno era tão triste, os teus olhos estavam vermelhos de tantas lágrimas derramadas, a tua roupa estava amarrotada devido a força, intensidade, dos nossos abraços.
Não tive coragem de ver mais uma porta a fechar-se sem poder fazer nada para o impedir, antes que o fizesses, virei as costas e segui o meu caminho, apenas ouvi o seu bater, acredita foi dos piores sons que alguma vez ouvi.
Gostaria ter uma última memória tua mais agradável, mais bonita, como todas as outras que guardo dos nossos tempos enquanto companheiras, amigas, confidentes, mas era uma despedida, certo? O que poderia esperar?
Mesmo assim, gostaria que tivesses sorrido daquela forma que apenas tu consegues, que tivesses contado mais uma das tuas histórias sem pés nem cabeça, que me fizesses rir até cair (literalmente). Mas nada disso aconteceu, na última vez que nos vimos, não éramos nós que estávamos ali, não éramos as mesmas pessoas sorridentes e amigas, essas desapareçam e nunca mais voltaram a ser as mesmas.