quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Nossos mundos.

Sinto-me pequena. Não pequena em termos de altura, mas em termos de Ser.
Para além do meu mundo há tantas coisas que não faço ideia que existem. Pessoas que são agredidas, que morrem à fome, que sofrem constantemente…
Por vezes, queixo-me por inúmeras coisas sem sentido, caprichos que comparados com problemas de outras pessoas são apenas birras. Muitas pessoas vivem dentro de “cápsulas”, importam-se apenas com aquilo que acontece a eles próprios e não tentam ver para além das fronteiras dos seus mundos perfeitos.
Porém, há pessoas que são confrontadas, e têm que lidar com situações nunca antes vividas e só ai é que conseguem entender que apesar da existência de oásis também há muito deserto…
Já me aconteceu tentar criar histórias, onde existiam pessoas bastantes diferentes, que tinham tido passados e presentes bem mais complicados que os meus. Mas foram apenas histórias inacabadas. Porquê? A minha experiência de vida, que é bem curta, não foi suficiente para criar personagens que passam por problemas que eu nunca passei, por ser tão ignorante e limitar-me a viver a minha própria vida e ignorar o que se passa à minha volta. Todos nós vivemos em mundos diferentes, com problemas desiguais, onde tudo consegue ser bem distinto do que alguma vez possamos imaginar, mas no entanto, fazemos todos parte do mesmo universo, universo imperfeito! Devemos pelo menos tentar ausentarmo-nos um pouco dos nossos palácios e visitar os casebres, nem que seja pelo menos para valorizar o conforto que temos. Tanta gente que é ignorada, tanta gente que precisa de ajuda e outras que estão tão preocupadas com aquilo que vão ter no próximo Natal. Irrita-me profundamente o desconhecimento que existe, não culpo as pessoas que o possuem, mas como é possível quererem apenas viver as suas vidas medíocres e ignorar todo o resto? Se calhar era melhor viver num mundo de mentiras, em que a roupa que vou usar amanha ou o que fica melhor com as minhas sapatilhas, era bem mais importante do que qualquer outro problema. Vivemos de aparências, aquilo que mostramos é aquilo que interpretam de nós e fazemos com que o resto seja ignorado.
Mas quem sou eu para falar? Sou apenas uma adolescente com muito para dizer mas que pouco pode fazer.

2 comentários:

Anónimo disse...

A nossa experiência de vida é sempre escassa quando comparada com problemas que nunca nos afectaram. Mas, esta “inexperiência”, não deve ser desculpa para ignorarmos o mundo que nos rodeia. Vivemos numa sociedade cada vez mais egocêntrica, em que as pessoas se fecham nos seus "casulos" e desprezam aqueles que as rodeiam… Desde que não interfiram com a sua esfera passam ao lado.
Estou certa de que tu és uma pessoa que se preocupa com o que te rodeia, que não fazes parte daquelas que passam, olham e seguem em frente desprezando o sofrimento alheio. Tens muito para dizer (e tão bem que o dizes!) e as tuas palavras e acções são sempre uma ajuda para mudar o mundo.
Fica bem.
Bjos
Aurea

Jaime disse...

O pouco que se pode fazer individualmente acaba, por vezes, por ser muito para alguém... Se o caminho se faz andando tudo começa pelo primeiro passo, para a frente, para trás ou para qualquer lado, não importa...